A escala 6×1 e o mercado de trabalho japonês

Há: 2 meses atrás


A mais recente proposta de Emenda à Constituição que defende o fim da escala de trabalho 6×1, da deputada Erika Hilton, reacende a velha máxima de que o trabalhador brasileiro é explorado à exaustão e para que o mesmo tenha uma melhor qualidade de vida, é preciso trabalhar menos.

Que diria os mesmos trabalhadores do Japão? Todos sabem o que país do sudeste asiático é a terceira maior nação do mundo e, por lá, as Leis de Normas Trabalhistas diferem em muito da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) do Brasil. 

Um exemplo disso, é a ausência de férias remuneradas com acréscimo de 30%, não existe descanso semanal remunerado, nem plano de saúde, não existe vale alimentação ou 13ª salário. 

Como funciona o sistema de trabalho no Japão?  O regime é de contrato direto e os trabalhadores ganham por hora trabalhada. Hoje, a média salarial de um empregado de nível básico é de US$10 a US$15 por hora (entre R$ 57 e R$ 86 reais por hora), e ao final do mês, se trabalhados 22 dias, o salário é de US$ 1.760 a US$ 2.640 (entre R$ 10.120 e R$ 15.180 reais mensais)  

Em comparação com o Brasil, esses salários são considerados muito bons para que uma família viva bem. No Japão, porém, esse salário é o básico necessário para uma vida modesta. 

A única forma de ampliar esses ganhos é realizando os tradicionais zangyô, (hora-extra), que em épocas passadas, era possível se fazer de 4 a 6 horas diariamente. Como o valor dessas horas variam de 25 a 50% a mais sobre a hora comum, os trabalhadores, culturalmente, viam nelas uma oportunidade de ganhar bem mais.

Hoje, a fim de proteger e limitar o trabalhador de extenuantes jornadas de trabalho, essas horas-extras excessivas são proibidas, limitadas a apenas 2 horas por dia. Mas, não pense que os empregados ficaram felizes, na verdade, muitos ficaram revoltados, pois o fim dessas horas-extras, significam menos dinheiro para suas famílias.

Os japoneses gostam de comprar carros novos, viajar anualmente, cuidar da formação acadêmica dos filhos e, principalmente, guardar dinheiro para suas aposentadorias. Diferentemente de uma grande parte dos brasileiros, os japoneses não se incomodam em trabalhar muito, mas se aborrecem por ganhar pouco.

O sistema tributário japonês não assoberba as empresas com pesados tributos trabalhistas, mas, pesa a mão no imposto sobre o lucro líquido que varia de 5% para a faixa de renda até US$ 19 mil e 45% acima de US$172 mil. 

Ter muito lucro no Japão, significa pagar mais imposto de renda ao governo federal e a melhor forma de reverter esses tributos em benefícios, é distribuí-los para os funcionários.

Anualmente, ao findar o ciclo, as empresas oferecem aos trabalhadores japoneses, uma bonificação por produtividade, propiciando-lhes a oportunidade de trocar o carro, fazer uma viagem, comprar novos utensílios domésticos ou mesmo reformarem suas casas.

O benefício dessa distribuição de renda ao final de cada exercício fiscal é visto na própria economia do país. O Governo não arrecada esses impostos das empresas, mas recebe na rotatividade da moeda circulante pelas vendas aquecidas. No Japão, se paga o imposto de consumo.

Melhor do que reduzir a carga de trabalho, o governo deveria acabar com os pesados tributos sobre os empregados e estimular a boa produtividade, compensando os trabalhadores com bonificações que propiciem uma boa qualidade de vida. A ver o que pensam os nobres parlamentares  brasileiros.

Relacionados:

Em 2024, foram 610 milhões de viagens de entrada e saída do país, são 43,9% de aumento…

Há: 13 horas atrás

O melhor da vida, em qualquer circunstância e em qualquer tempo, é viver em paz. Mesmo que…

Há: 19 horas atrás

Nos sentirmos diminuídos é sinal de baixa autoestima. Nós é que sabemos o valor que temos e,…

Há: 2 dias atrás

A paciência diante das situações que fogem do nosso controle e que naturalmente agem contra a nossa…

Há: 3 dias atrás

A energia que colocamos na realização de um trabalho não pode ficar estagnada. Ou seja, devemos dar…

Há: 4 dias atrás

Ninguém melhor do que nós somos capazes de saber o que devemos fazer. Aceitar além ou aquém…

Há: 5 dias atrás

Obrigado Senhor, pela oportunidade de vivermos e de sermos quem somos: conscientes dos nossos deveres e do…

Há: 6 dias atrás

Será que vale a pena pensarmos em demasia em algum problema, por maior que ele seja? Perder…

Há: 7 dias atrás

Últimas notícias