Nesta quinta-feira (19), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou que a opinião do futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, teve um peso maior na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a Taxa Selic. Durante entrevista sobre o relatório de inflação do quarto trimestre, Campos Neto explicou que a decisão de aumentar o peso da opinião de Galípolo e dos novos diretores, foi uma forma de garantir uma transição suave no comando do BC.
“Essa foi a tônica das duas últimas reuniões. O peso deles foi sendo cada vez maior que o meu”, detalhou Campos Neto. “O que eu quero dizer é que o peso deles foi sendo cada vez maior que o meu, culminando na última reunião. Nós entendíamos que isso facilitava a passagem de bastão”, avaliou.
Na semana passada, o Copom elevou a Selic em um ponto percentual, passando para 12,25% ao ano.
A partir de janeiro de 2025, Gabriel Galípolo assumirá oficialmente o comando do Banco Central. Presente na coletiva, ele destacou a generosidade de Campos Neto durante a transição.
Galípolo disse que atuou diretamente na decisão do BC de aumento da Taxa Selic e na sinalização de que vai manter o ritmo de aumento nas duas próximas reuniões. A ata da reunião do Copom, divulgada na terça-feira (17), apontou que o aumento recente na taxa de câmbio e a inflação corrente foram determinantes na decisão.
Para o novo presidente do BC, o aumento na taxa Selic foi uma sinalização clara dada pela instituição no sentido de que vai se perseguir o centro da metade da inflação.
“Temos clareza para onde estamos indo a partir do passo que demos. Eu acho que já foi bastante corajoso, a partir da materialização dos riscos, fazer essa sinalização [de aumento na Selic] para mais duas reuniões para frente”, sinalizou.
O novo presidente do BC praticamente descartou a possibilidade de o banco reverter o guidance de aumento na taxa Selic de um ponto percentual nas duas próximas reuniões. “A barra é alta para a gente fazer qualquer tipo de mudança no guidance”, esclareceu.
Questionado sobre a reação negativa do mercado ao pacote de corte de gastos do governo, Galípolo disse que não existe uma bala de prata para resolver os problemas das contas públicas.
“Entendo que todos vocês sabem que é muito difícil apresentar qualquer tipo de projeto ou programa fiscal, que vai ser uma bala de prata e que vai dar conta de endereçar todos esses problemas que existem dentro desse curto prazo”, opinou.
Galípolo afirmou, ainda, que não cabe ao BC fazer nenhum tipo de orientação, comunicação ou sugestão ao governo sobre as medidas que devem ser tomadas para resolver a questão fiscal. Ele defendeu que o BC seja chamado apenas para transmitir a visão que tem do que está sendo feito dos ativos do mercado.
“No fim do dia, importa para a política monetária como é que o mercado e os preços reagem em função da interpretação que ele [mercado] tem do que está acontecendo na política fiscal”, opinou.
Com informações da Agência Brasil